domingo, 30 de agosto de 2009

"

Quem? Esperar por quem?
Se tão só e sei
Sem motivação
E prossegue esse imenso conflito
Me rodeia esse grande infinito
Não tem eco esse teu sofrimento
Oh meu coração, coração
Quem? Quem será que vem?
Sinto que ninguém
Vai me dar perdão

Eis a prova, dos meu grandes erros
Erros estes que eu soube julgar
Não importa, mas ...
desabrochar

Bate outra vez, com esperanças o meu coração
Emfim"


Um pouco de Cartola num domingo que se transformou em mais um dia, como todos os anteriores, em que fico morrendo com a companhia da música.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Stay (Farway, So Close) - Zooropa



Olá Galera!!
Fazia uma tempão que não escutava U2, e em especial o cd Zooropa de 1993. Ganhei até esse cd do meu primo Thales a um TEMPÃO ahehaheh. Tô ficando velho eu sei!! Eu acho esse cd massa, pq eles mesclam a velha guitarra de The Edge com um som eletrônico muito legal! Vale a pena vcs escutarem tá!! Bjão p vcs!!!

Stay
U2

Green line, Seven Eleven
You stop in
For a pack of cigarettes
You don't smoke
Don't even want to
Hey! Now check you change
Dressed up like a car crash
The wheels are turning
But you're upside down
You say when he hits you
You don't mind
Because when he hurts you
You feel alive
Is that what it is?

Red light, gray morning
You stumble
Out of a hole in the ground
A vampire or a victim
It depends on who's around
You used to stay in
To watch the adverts
You could lip synch
To the talk shows
And if you look
You look through me
And when you talk
Is not to me
And when I touch you
You don't feel a thing

If I could stay
Then the night would give you up
Stay
Then the day would keep its trust
Stay
and the night would be enough

Faraway, so close
Up with the static and the radio
With satellite television
You can go anywhere
Miami, New Orleans
London, Belfast and Berlin
And if you listen
I can't call
And if you jump
You just might fall
And if you shout
I'll only hear you

If I could stay
Then the night would give you up
Stay
Then the day would keep its trust
If I could stay
With the demons you drowned
Stay
With the spirits I found
Stay
And the night would be enough

Three o'clock in the morning
It's quiet and there's no one around
Just the bang and the clatter
As an angel runs to ground
Just the bang and the clatter
As an angel hits to ground

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

poladroid project.

gente, entrem AGORA no site http://www.poladroid.net e baixem o programinha que transforma suas fotos em polaroids! ishpia só como o efeito fica legal:





quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco"

“Não gosto quando a gente fica falando assim no que não foi, no que poderia ter sido. [...]. Não hoje, por favor, hoje não dá, eu tenho. Eu tenho uma sensação meio de amargura, de fracasso. Você me entende? Como se tivesse a obrigação de ter sido, ou tentado ser, outra pessoa”

(ABREU, Caio Fernando. Pela noite. In: Caio 3D: O essencial da década de 1990. Rio de Janeiro, Agir, 2006, p. 57-58).

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"L'amour"


"L'amour, hum hum, j'en veux pas
J'préfère de temps en temps
Je préfère le goût du vent
Le goût étrange et doux de la peau de mes amants,
Mais l'amour, hum hum, pas vraiment "

(Carla Bruni)

senhora do engenho.


"aquele rosto antigo que seria feio, não fosse dela e tão belo" (L)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

amém.

"Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. [...] Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e becos de mim" (Caio F.)

deseperar? jamais!

essa canção de ivan lins e vítor martins, cantada por beth carvalho nessa versão, ilustra bem meu sentimento do post-desabafo anterior. espero que gostem. ;**

"deseperar, jamais
aprendemos muito nesses anos
afinal de contas, não tem cabimento
entregar o jogo no primeiro tempo"



http://rapidshare.com/files/202708461/12_-_Desesperar__Jamais.mp3

"tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas"

como diz o bolero: "dicen que la distancia es el olvido, pero yo no concibo esta razón". eu não vou mentir aqui e dizer que morro de saudades, porque a verdade é que a correria do dia a dia não me permite grandes romantismos, mas confesso que vezenquando me pego com pensamentos meio melancólicos e quase suicidas. vem a minha mente uma dúvida enorme, uma inquietação que me faz perguntar se tem valido (ou valerá) à pena a decisão de recomeçar aqui a vida, de me reinventar sem garantia nenhuma de sucesso ou porto seguro.

acabei perdendo a data de requerimento para entrar como aluno especial do mestrado (confundi com a de matrícula e passei batido), mas não importa: tenho aquela mentalidade que me consola dizendo que não era a hora. hei de me inscrever na seleção mês que vem e, espero, ano que vem entro como aluno regular após passar nos testes em novembro. por enquanto talvez eu estude francês, talvez arte. talvez eu viaje mais ou leia mais. não importa; estou sereno e paciente.

a vida aqui é tranquila, sem maiores emoções, mas curiosamente eu estou tendo paz de espírito suificiente para, pelo menos por enquanto, não me desesperar querendo mais. sei que depois eu encontro outras coisas, outros lugares e outros rostos para ocupar meu tempo e meu coração, e que agora basta o "pouco" que tenho. como diz outra canção, não menos bolero: "a fé no que virá e a alegria de poder olhar pra trás".

a saudade existe, mas não invejo a felicidade atual e o companheirismo cotidiano de ninguém. sinto falta dos nossos momentos, dos dias na praia ou na serra, das muitas cervejas e dos tantos sambas, mas não troco meu hoje por nenhum ontem. acho que as possibilidades são muitas, e que sustentar a minha decisão de vir é tão (ou mais) importante quanto foi tomá-la. deus me ajude a perseverar e a não sucumbir à saudade (pelo menos não antes de ter muitos braços aqui para me segurar na queda).

com amor,
rodolfo. xxx

"Dia Branco"

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...

Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...

Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto
Esse canto de amor
Oh! oh! oh...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair

Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...

E nesse dia branco
Se branco ele for
Esse canto
Esse tão grande amor
Grande amor...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo

Comigo, comigo.


(Geraldo Azevedo)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Brinquedo de Papel Marchê...


Papel Machê
João Bosco/Capinam


Cores do mar, festa do sol
Vida fazer
Todo o sonho brilhar
Ser feliz
No teu colo dormir
E depois acordar
Sendo o seu colorido
Brinquedo de papel machê
Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul, outro ser
Luz do querer...
Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda, cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de papel machê

Gente Nova e Muitas Postagens... Viiiige!!!

Voltei haehhaheha... Fazia tempo que não entrava no Blog e percebi que e ele tá Bombando, QUE MASSA! ABRAÇÃO para os novos "Bloggers"! Bem minha vida tá numa correria entre trabalho e viagens, e agora até para mais longe. Se não bastasse a minha querida Várzea City, inclui agora no roteiro Brasília. Isso mesmo a Capitá Federá, aquela ilha da fantasia que fica no Planalto Central, que apesar de seus políticos é MASSA galera ahehahehaheh!

Bem... No mais Cheiros, Beijos e Abraços a todos e tô de volta!!! Adoro vocês!!

"Todos os dias deveríamos ler um bom poema, ouvir uma linda canção, contemplar uma belo quadro e dizer algumas bonitas palavras" (Goethe)

a divina elizeth



elizeth cardoso cantando "acontece", de cartola, me mata um pouco cada vez que eu ouço. :~

http://rapidshare.com/files/203017086/05_-_Acontece.mp3

alegria, alegria.

"A alegria não é difícil. Fique atento no seu canto. Basta uma margarida na sua fossa" (Caio F.)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

sabedoria popular.

excerto de um livro muito bom de jessier quirino; trecho muito atual e adequado à podridão corrupta do brasil.



"Senador - O que o senhor acha da classe política brasileira?
Matuto - Olhe, cumpade véi, tem um magote ali dentro tão bom de roubo que, se vendesse cavalo, achava um jeito de ficar com o galope.

Senador - E quanto aos prefeitos e vereadores?
Matuto - Ahhh! meu fi... Esses aí tão ensinando rato a subir de costa em garrafa.

Senador - E quanto à oposição?
Matuto - Humm?

Senador - A oposição!... O sr. acredita nos partidos de oposição?
Matuto - Hummmm!

Senador - O senhor acha que são realmente o que dizem? Íntegros, retos, austeros?
Matuto - Hum-hum!

Senador - O sr. é sempre assim, de poucas palavras?
Matuto - Palavra de homem é um tiro. Falar sem cuidar é atirar sem apontar.

Senador - Como homem do povo, que recado o sr. tem para os governantes?
Matuto - Meu recado é uma verdade: a gente nunca esquece de quem se esquece da gente"

(QUIRINO, Jessier. "Sabatina Feita Com Um Matuto Presidente de Banco de Feira". In: "Prosa Morena". Recife, Bagaço, 2001, p. 81).

Saudade

Saudade
É uma palavra Saudade
Só existe na língua portuguesa
Saudade de Val vendendo pó na esquina
Saudade do que nunca vai voltar
E dos amigos que se foram
Eu hoje estou com saudade
Na noite quente e no calor
Que sobe do asfalto
Saudade quente
Saudade da roda de cerveja
Dos amigos da madruga e
Saudade de nadar no mar
E um dia ter sido mais puro
Saudade da primeira namorada
E namorado também
Saudade, principalmente
Da irresponsabilidade
Saudade, meus amigos
Daqui a pouco vou estar com vocês.

Cazuza






terça-feira, 11 de agosto de 2009

um beijo de bom dia com gosto de café.

Amanhã de manhã
Vou pedir o café pra nós dois
Te fazer um carinho e depois
Te envolver em meus braços
E em meus abraços
Na desordem do quarto esperar
Lentamente você despertar
E te amar na manhã
Amanhã de manhã
Nossa chama outra vez tão acesa
E o café esfriando na mesa
Esquecemos de tudo
Sem me importar
Com o tempo correndo lá fora
Amanhã nosso amor não tem hora
Vou ficar por aqui
Pensando bem
Amanhã eu nem vou trabalhar
E além do mais
Temos tantas razões pra ficar
Amanhã de manhã
Eu não quero nenhum compromisso
Tanto tempo esperamos por isso
Desfrutemos de tudo
Quando mais tarde
Nos lembrarmos de abrir a cortina
Já é noite e o dia termina
Vou pedir o jantar

...é que eu ouvi Ela cantando isso ontem e fiquei apaixonado por essa sensação, essa coisa que essa música causa de que mesmo que não se tenha alguém do lado de manhã, a gente imagina e sente como se esse alguém existisse e fosse realmente tudo tão lindo assim, por causa da música nossa chama outra vez tão acesa.

"Preciso de Alguém"

Meu nome é Caio F.

Moro no segundo andar, mas nunca encontrei você na escada.

Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que a coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia — eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal —, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.

Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver.

Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como — eu estou aqui, eu te toco também.
Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto — preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio — tão cansado, tão causado — qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios — que importa? (Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio — viria? virá? — e minto não, já não preciso).

Preciso sim, preciso tanto.
Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus.

Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço. Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.

(Caio Fernando Abreu. Crônica publicada no “Estadão”, Caderno 2, de 29/07/87).

Descansa Coração

Cansei de tanto procurar
Cansei de não achar
Cansei de tanto encontrar
Cansei de me perder

Hoje eu quero somente esquecer
Quero o corpo sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão

Não sei pra onde vou
Não sei
Se vou ou vou ficar
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar
Agora nem sei mais o que querer
E a noite não tarda a nascer
Descansa coração e bate em paz


~:

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

caio du jour.

"Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos — e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso" (Caio F.) :~

domingo, 9 de agosto de 2009

"your song"

"My gift is my song... and this one's for you
And you can tell everybody that this is your song
It maybe quite simple, but now that it's done
I hope you don't mind, I hope you don't mind
That I put down in words...
How wonderful life is now you're in the world"


"para atravessar agosto"

"Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto."


(Caio F.)

sábado, 8 de agosto de 2009

"Procura-se Desesperadamente"


"Procuro deseperadamente alguém que esteja disposto a viver numa casa de vidro perto do mar. Que saiba encontrar a ursa maior no céu a noite e consiga esvaziar minha mente sempre tão lotada de tudo.
Quero alguém que não se importe em ter uma planta carnívora na cabeceira da cama e que acredite quando eu digo que as coisas que estão acontecendo acontecem por causa da proximidade da era de aquário.
Preciso de alguém que passe protetor em mim toda vez que eu sair do mar e que saiba dormir com o mesmo lençol na mesma cama. Alguém cujo meio de locomoção seja um jetpack com espaço para passageiro e que trabalhe numa empresa cujo objetivo é desenvolver felicidade em pó. [E que assim, traga muitas amostras grátis para casa]
Preciso de alguém que esteja olhando e sorrindo pra mim no momento em que abro meus olhos de manhã. Que me irrite ao dizer que os lençois brancos, mais do que os azuis, combinam com a decoração do quarto. Que derrube o vaso de flores ao passar desajeitado pelo corredor. Que saia de casa, mas que volte cinco minutos depois ao perceber que esqueceu a chave.
Necessito de alguém que me olhe nos olhos e diga que odeia muito o fato de que me ama perdidamente. Alguém que desapareça por um dia ou dois e que quando finalmente chega, eu consiga acreditar com todo meu ser em tudo que ele diz. Alguém em quem eu confie.
Quero tanto alguém que eu conheça por completo mas que continua a me surpreender sempre... Que não deixe claro que irá passar o resto da vida comigo, mas que naquele momento só quer estar na minha presença. Alguém que não faça melodramas e que quando perguntado se me ama, responda apenas: "Claro que sim, que pergunta..."
Procuro alguém que dance comigo. Alguém que saiba respeitar minha individualidade e que enalteça o companheirismo. Que me faça raiva as vezes pra que fique sem dirigir-lhe a palavra por um dia inteiro. Alguém que não saiba dar nó no tênis mas que consegue dar um salto triplo escarpado.
Procura-se desesperadamente alguém que seja tudo isso ou não.
Procuro desesperadamente, e pode ser somente assim, alguém que me ame e que eu possa amar também."

(Eduardo A.)

nara, sempre.



http://rapidshare.com/files/203323364/04_-_Da_Cor_do_Pecado.mp3

Faixa do disco de Nara Leão e Roberto Menescal de 1985, "Nara & Menescal – Um Cantinho, Um Violão".

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"sobre amar"

"Quando se ama, de verdade e com os quatro compartimentos do coração, aquela pessoa se torna uma equação que você vai resolvendo todos os dias, em silêncio. Aos poucos você percebe que a soma de um sorriso com um olhar que foge, é igual a timidez. Que multiplicar aleatoriamente os gestos e as palavras equivalem a "não consigo dizer em voz alta que te amo". E até que dividir com você o mesmo sono, apertado numa cama de solteiro, significa que ele precisa de alguém que o ajude a viver nesse mundo de loucos. (...) Quem não ama nunca saberá o motivo de sua própria existência, jamais experimentará a segurança morna de um abraço e nem, tampouco, o enlaçe inviolável que é criado toda vez que um amor nasce entre duas pessoas.
Eu amo.
E espero que um dia possamos dizer que, apesar dos pesares, amamos com a total ausência dessa dor "que desatina sem doer"."

(Eduardo A.)

"como o amor, que eu nunca encontrei, mas que existe em mim"

"no meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. e fantasio, fantasio. até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. que você fosse ao aeroporto. casablanca, última cena" (caio f.)

para uma sexta

"Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins."


Caio F.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

lendo 'parafrancisco' encontrei isso aqui:

"sentia aquela sensação quase de alívio que a gente tem quando encontra oamor de verdade. Um dia você vai saber o que é isso."

alguém me ajuda a levantar?
Já lhe dei meu corpo, minha alegria

Já estanquei meu sangue quando fervia

Olha a voz que me resta

Olha a veia que salta

Olha a gota que falta pro desfecho da festa

Por favor

Deixe em paz meu coração

Que ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d'água


- do meu dia de hj pra vcs.

Acabei de chegar...

Meus amores, chego agora nesse cantinho feito para o nosso puro deleite. Venho lendo todos os posts, mas agora vou participar tb. Acho válido. Hj não tem sido um dia muito bacana pra mim, mas anseio que eles melhores em breve. Enquanto isso eu vou cantando e bebendo e morrendo de saudade de vcs, lembrando de tantos momentos que me trazem a sensação de que ainda existem coisas pelas quais vale à pena viver. Rodolfo, obrigado pelo convite, é-me importantíssimo ter um lugar pra dizer o que sinto e saber que vocês estão aí me lendo e tendo, também, a mesma maravilhosa oportunidade. Um xero em cada um.

Por Causa de Você

Ah, você está vendo só
Do jeito que eu fiquei
E que tudo ficou
Uma tristeza tão grande
Nas coisas mais simples
Que você tocou
A nossa casa querida
Já estava acostumada
Guardando você
As flores na janela
Sorriam, cantavam
Por causa de você
Olhe meu bem nunca mais
Nos deixe por favor
Somos a vida e o sonho
Nós somos o amor
Entre meu bem por favor
Não deixe o mundo mau levá-la outra vez
Me abrace simplesmente
Não fale, não lembre
Não chore meu bem

Por Causa de Você
Tom Jobim e Dolores Duran


~:

dose diária de caio f.

"menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva" (caio fernando abreu).

facadanocoração. :~

francisco, francisco.

uma dica:

http://parafrancisco.blogspot.com

o tema, segundo as palavras da própria autora:

"Um homem tem morte súbita, dois meses antes do nascimento do seu único filho. Assim nasce este blog. Tentando entender e explicar dois sentimentos opostos e simultâneos vividos pela viúva e mãe que, no caso, sou eu. Muitos questionamentos. Muitos raciocínios. Muito aprendizado. E uma pressa em falar para o Francisco sobre seu pai, sobre o mundo e sobre mim mesma (só por garantia)"

um teaser:

http://www.youtube.com/watch?v=plsio32w0gU&feature=related

assistam ao vídeo, comentem. e leiam o blog (de preferência de trás pra frente, digo, do início para cá, já que a ordem cronológica importa para perceber bem as nuances das sensações).

terça-feira, 4 de agosto de 2009

simone.


eu estou tendo o imenso prazer de descobrir simone apenas recentemente, mas já a reconheço como uma das maiores intérpretes desse país, dramática e com declamações derramadíssimas.

eis "jura secreta", de sueli costa e abel silva, do disco "face a face", de 1977.

http://rapidshare.com/files/205650747/07_-_Jura_Secreta.mp3

sábado, 1 de agosto de 2009

sugestões para atravessar agosto.

por CAIO FERNANDO ABREU.

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro — e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos — ou precauções — úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu — sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques — tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas — coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito, perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.

(O Estado de São Paulo, 06/08/95).